O Senhor dos Caracois - A Irmandade da Autocaravana

quarta-feira, maio 02, 2007

Casinhas sobre rodas...

Terça-Feira, 01 de Maio de 2007
Termina hoje o passeio de autocaravanistas pela Cova da Beira

Conhecer terras que escapam aos roteiros do turismo de massas é a principal motivação do grupo, em que todos se tratam por companheiros. Andam pela Cova da Beira desde quinta-feira

Um grupo de cerca de 20 famílias termina hoje o passeio iniciado na quinta-feira pela região da Cova da Beira. A cerca de meia centena de pessoas, que se descrevem como “amigos”, aceitou o desafio de atravessar alguns dos locais mais escondidos desta zona do País em autocaravanas.
“À descoberta de montes e vales da Cova da Beira”, assim se designa o evento que junta perto de duas dezenas veículos. Não é uma organização de um clube em particular, mas antes de um conjunto de amigos que nos últimos anos tem percorrido o País. “Esta é uma zona com potencial para a nossa actividade”, explica Mário Caxias, o principal organizador do passeio que privilegiou principalmente terras do Fundão e Covilhã. De resto, uma zona bem conhecida deste elemento que já integrou o Clube Português de Autocaravanas (CPA), uma vez que tem familiares na Aldeia de Joanes, concelho do Fundão.
Este conhecimento não era partilha comum do grupo que, à chegada ao Fundão, na tarde de sábado, se mostrou surpreendido com a zona da cidade onde estão novos equipamentos como, por exemplo, a Biblioteca Eugénio de Andrade. Jorge Baeta está agora aposentado, mas desenvolveu negócios no Fundão, na área do comércio. “Conhecia a zona antiga, mas esta parte da cidade é uma novidade para mim”, referiu ao Diário XXI.
E o autocravanismo é precisamente isso: “Descobrir novos locais que, não fazem parte dos roteiros do turismo massificado”. Baeta, antigo presidente do CPA, destaca este pormenor como uma das grandes vantagens de uma actividade cujos participantes são sempre ser bem recebidos pelas populações. “Vamos à procura do que existe, ao nível de gastronomia, cultura e história, encontrando sempre boa receptividade, porque também estamos a divulgar as terras”, refere, admitindo haver quem colabore menos: “As unidades hoteleiras e os parques de campismo, porque são os que não ganham com a nossa forma de conhecer o País. O resto, desde o café à loja de artesanato e os pequenos comércios, todos fazem negócio connosco”.


Estradas nacionais no roteiro
Uma característica dos passeios “À descoberta de montes e vales” é a passagem por vias menos utilizadas pelo grande tráfego. “Escolho sempre estradas nacionais, para evitar que a restante população se debata com as dificuldades de ultrapassar uma coluna longa como é a nossa. Mas os trajectos são feitos com o objectivo de conhecer algumas em que não nos aventuraríamos sozinhos, por falta de sinalização ou desconhecimento”, explica Mário Caxias.
Depois de passagens por Castelo Novo, Alpedrinha e Aldeia de Joanes (Fundão) e Paul e Ourondo (Covilhã), o grupo andará, hoje, por Alcongosta e São Vicente da Beira. A Barragem de Santa Águeda será o palco da despedida dos participantes.


Jorge Baeta destaca a inexistência de títulos ou classes sociais
“Aqui só há companheiros”
O autocaravanismo é uma actividade praticada, essencialmente, por pessoas com mais de 50 anos, cujos grupos não reflectem a condição social. “São pessoas que tiveram as suas profissões em diversas áreas e quando chegaram à altura da reforma, estão a usufruir do que amealharam, fazendo dos veículos a sua casa de fim-de-semana”, segundo Jorge Baeta, que salienta: “Isto é uma família. Aqui não há títulos, são todos companheiros, termo que não tem nada a ver com política ou religião. O pedreiro trata o juiz por companheiro, tendo em conta apenas a amizade”.
Não há classes sociais declaradas, mas há custos a suportar. Para além da compra da autocravana, os passeios envolvem outras despesas, cujo montante é variável. “Cada um controla como quer. Visitamos as casas de artesanato para levar umas lembranças, tomamos um café, mas, se for necessário, o almoço e jantar é feito no equipamento que nos permite ir a qualquer lado”, refere o antigo presidente do Clube Português de Autocaravanas.
Os veículos são verdadeiras casas ambulantes, com capacidade para algumas pessoas, em média mais do que duas. “Temos tudo no interior das autocaravanas, com melhores condições que muitas habitações”, conclui Mário Caxias.


PUBLICADO NO " DIARIO XXI".
Texto de Rodolfo Pinto Silva

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